Um dos antigos e conhecidos desafios do varejo nacional é a chamada logística, ou seja, o transporte de um produto desde a sua origem até a casa do consumidor. O assunto, que aparentava ser de difícil solução, passou a ser discutido sob novas perspectivas, inclusive com o intenso apoio de novas tecnologias. E tudo isso foi colocado em pauta durante o primeiro dia do Whow! Festival de Inovação.
O tema foi discutido no painel “Inovando a logística no Brasil. É possível acabar com o pedido feito na Black Friday que só chega no Natal?”. A mediação coube a Ana Szasz, head de Ebit da Nilsen, que falou sobre os desafios da entrega no Brasil. Entre outros temas, ela mencionou questões como a manutenção das estradas, o uso de novos modais de transporte e as dimensões continentais do Brasil.
Além disso, ela também citou o desafio da logística urbana, uma ideia que cresce em paralelo ao forte processo migratório de pessoas do campo para a cidade. Pessoas do setor chamam essa entrega em trechos curtos de última milha. A Delivery Center, uma empresa especializada em logística urbana, inverteu essa ordem. Eles têm um olhar a partir do consumidor, logo não usam a expressão “última milha”, mas a “primeira milha”. E como fazem isso?
Eles falaram sobre o seu trabalho no Whow!. Segundo Saulo Brazil, CCO da Delivery Center, eles utilizam shoppings das cidades como mini centrais de distribuição. Em outras palavras, estocam os produtos dentro de espaços ociosos ou mesmo em uso desses estabelecimentos e, a partir desse momento, levam o produto até o consumidor em uma hora e meia.
“Todos querem abrir o canal próprio (centro de distribuição), mas nós fazemos o contrário. Nós invertemos a logística tradicional. Em cada shopping, eu tenho uma mini central de distribuição. Muitas empresas brigam para realizar entregas em 24 e 48 horas. Nós fazemos isso em uma hora e meia”, disse.
Black Friday
A logística urbana, inclusive, ganhou muita importância dentro das empresas a partir de datas comerciais como a Black Friday ou Natal. Para se ter uma ideia do impacto dessas data no varejo, a Netshoes, recentemente adquirida pelo Magazine Luiza, montou um verdadeiro esquema de guerra e atípico com foco no Natal e a BF.
“Quando uma escola de samba termina o seu desfile dias depois já planeja o próximo Carnaval. É isso o que acontece na Black Friday. Temos um PO (Product Owner ou gerente de projetos) apenas para avaliar o que deu certo e errado na data”, explica Marcio Chammas, diretor de logística da Netshoes.
No Magazine Luiza, a data também é significante para outro fim: atrair novos clientes. “Em média, 34% dos clientes que compram na Black Friday são formados por novos consumidores”, resume Luís Fernando Kfouri, diretor de logística da Magazine Luiza.
Magazine as a service
A logística também foi o ponto de partida das falas de Kfouri e Chammas sobre o futuro da dobradinha Netshoes e Magazine. O Magalu está construindo uma grande rede com diversos centros de distribuição de produtos por todo o País, inclusive em lugares pouco explorados de estados no Norte e Nordeste do País. A ideia não é apenas estocar os produtos que vão para as lojas, mas também oferecer esses CDs para que parceiros comerciais possam também utilizar esse espaço. Dessa forma, cria-se um negócio para a empresa, um modelo com foco serviço – seria o Magalu as a service. As lojas também entrariam nesse modelo dentro das áreas urbanas.
“A gente investe muito em logística. A ideia é transformar o Magazine em as a service. Hoje, temos 10 centros de distribuições e, recentemente, entramos em quatro noves estados. Imagine vocês que entregamos os nossos produtos em até 48 no Pará. Quem faz isso?”, questiona Kfouri, que acrescenta: “Esse modelo também prevê uma automação nos centro de distribuição. Nesse momento, estamos fazendo um trabalho de regionalização da logística”, conclui.
A Netshoes deve se beneficiar dessa rede de centros de distribuição e tudo o que vem embarcado do modelo as a service do Magalu. “A gente quer aproveitar o alcance do magazine e atingir novos mercados”, resumiu Chammas.
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