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Junte o modelo de negócio do Uber e a dor de cabeça de reforma a casa. Dessa sacada surgiu o Triider


O nome da startup surgiu a partir de um brainstorming entre os quatro sócios. A missão era criar uma palavra inteiramente nova. Aí começaram a pipocar as ideias…

Chegaram ao “Tri” por causa dos “três eixos”: profissionais de serviços, clientes e a plataforma. O “id” do meio tem a ver com “identidade virtual”. E o “er” seria o rabicho do termo em inglês “doer” (do verbo to do), ou seja, o cara que faz, realiza.


A explicação parece tortuosa? Definir o negócio é bem mais simples: o Triider é uma plataforma que conecta clientes e prestadores de serviços domésticos. Há profissionais de limpeza, marcenaria, ar condicionado, frete… Ao todo, são mais de 50 nichos. O sócio Juliano Murlick, 41, explica:

“Hoje a população está acostumada a resolver tudo pelas plataformas digitais, comida, mobilidade, bancos… E quando você olha para serviços residenciais, não há referência. Vi um ‘gap’ do mercado a ser resolvido”

Fundada em 2016, a empresa tem 40 funcionários e faturou 7 milhões de reais em 2019. Os profissionais mais requisitados são os de hidráulica e de elétrica, com frequência num esquema emergencial. Ao intermediar o serviço, o Triider cobra 16% do valor acertado com o cliente – já são 90 mil usuários cadastrados.


CONHECER O UBER NOS EUA, EM 2012, INSPIROU O EMPREENDEDOR


Trilhando uma carreira de executivo, Juliano vivia viajando ao exterior a trabalho. Numa dessas viagens, em 2012, conheceu o Uber (que se popularizaria no Brasil só em 2015). Ficou maravilhado com a praticidade da plataforma. “Eu tive aquele sentimento de ‘a-ha’ ao pedir um carro pelo celular e [ver] aquilo funcionar.”


Aquele modelo de negócio ficou na sua cabeça. E voltou à tona quando, mais tarde, em 2014, ele resolveu reformar a casa e teve de lidar com uma série de amolações por conta dos profissionais contratados para o serviço:

“Me deu um ‘clac’ no cérebro, uma ideia de unir esse problema [dos profissionais da reforma] àquele modelo de negócio [do Uber]. Fiquei martelando isso por muito tempo, até criar coragem de dar os primeiros passos e chamar outras pessoas para trabalharem comigo no projeto”

Na época, conta, ele estava “estabilizado” no emprego, daí a hesitação. Desde 2012 Juliano ocupava o cargo de diretor do Sicredi, instituição financeira cooperativa com mais de 4 milhões de associados e mais de 1,7 mil agências em 22 estados.


EMPREGADO, ELE SE DEDICAVA AO TRIIDER DE MEIA-NOITE ÀS 6 DA MANHÃ


No fim de 2015, para dar o pontapé inicial no Triider, Juliano recrutou sua esposa (Aline Murlick, 37, hoje COO) e o irmão (Thiago Murlick, 35, gerente de categoria), além de um amigo, Paulo Guilherme Gil, 39, CTO. Juntos, foram cinco meses desenvolvendo a plataforma.


A primeira versão ficou pronta em abril de 2016, mesmo mês em que Juliano começa em um novo emprego, como head de serviços da Amazon no Brasil. Inicialmente, todos se equilibravam entre a carteira assinada e o negócio próprio.


Aline, que trabalhava como consultora de viagens autônoma, foi a primeira a dedicar-se integralmente ao Triider, focando na captação dos prestadores de serviço. Juliano permaneceu em dupla jornada, numa rotina alucinante:

“Fiquei um ano conciliando. Acabava trabalhando 10 horas no emprego e focava no Triider da meia-noite às seis da manhã. Quando você faz algo que gosta, faz total sentido, e sempre foi o plano pedir demissão em algum momento

Thiago já havia pedido demissão da IBM em junho de 2016; Paulo deixou o Sicredi em outubro daquele ano. E em março de 2017 Juliano enfim deixou a Amazon. A partir dali, o quarteto de sócios estava centrado full-time no negócio.


JULIANO VENDEU O CARRO E DIZ QUE HOJE TIRA 10% DO SEU SALÁRIO ANTIGO


Empreender exige sacrifícios. “Vendi o carro e estou há três anos sem ele. Meu padrão de vida foi reduzido.” Juliano ficou um ano sem salário, e mesmo hoje diz que sua retirada mensal da empresa equivale a cerca de 10% do que ganhava na Amazon. “Faria tudo de novo.”


O Triider nasceu sem investimento externo. Os sócios pegaram suas economias e aportaram, juntos, cerca de 1 milhão de reais. Começaram por Porto Alegre (afinal, os quatro são gaúchos), cidade de 1,4 milhão de habitantes. Juliano diz que levou um tempo para conseguirem comunicar os diferenciais da ferramenta de forma adequada:

“Já existiam plataformas na internet para buscar serviços para casa, mas elas eram uma espécie de ‘Páginas Amarelas’. Nosso desafio foi passar uma mensagem assertiva mostrando que a empresa era diferente”

A startup oferece uma garantia do serviço por 30 dias, limitada ao valor de 5 mil reais em caso de negligência do profissional contratado.


Todos os prestadores – hoje são cerca de 800 — passam por uma pré-seleção que dura entre 20 e 30 dias. A triagem inclui levantamento de antecedentes criminais e checagem de referências de serviços anteriores. “Isso é um grande diferencial da plataforma”, diz Juliano.


PARA ATUAR EM SÃO PAULO, FOI PRECISO SE ORGANIZAR POR REGIÕES


Desde que iniciou as operações, o Triider já intermediou cerca de 30 mil contratações de serviços. De Porto Alegre, a plataforma se espraiou para Canoas (na região metropolitana da capital gaúcha), Curitiba, Brasília e Belo Horizonte.

Em janeiro deste ano, a empresa finalmente fincou presença em São Paulo:

“Esperar quase cinco anos para chegar a São Paulo foi uma decisão estratégica. Nos primeiros anos usamos Porto Alegre como laboratório e conseguimos aprender bastante, compor a proposta de valor… A partir daí, começamos a expansão no ano passado”

Por enquanto, o Triider tem cerca de 80 prestadores homologados em São Paulo e atua apenas nos seguintes bairros: Bela Vista, Consolação, Indianópolis, Itaim Bibi, Jardins, Moema, Mooca, Paraíso, Pinheiros, Vila Mariana, Vila Nova Conceição, Vila Olímpia e Vila Uberabinha.


“Tivemos que nos organizar por bairros, microrregiões, porque o deslocamento é longo”, diz Juliano. “Foi preciso fazer um mapeamento diferente, é uma experiência nova.”


PLATAFORMAS COMO QUINTOANDAR E DOGHERO SERVIRAM DE BENCHMARKING


Outras capitais, por enquanto, estão fora do radar. A meta é expandir na região metropolitana de Porto Alegre (chegando a Esteio, Novo Hamburgo, São Leopoldo e Sapucaia ainda no primeiro trimestre de 2020) e, claro, fortalecer a atuação nas metrópoles onde o Triider já está presente.


Para chegar à capital paulista, Juliano trocou experiências com empreendedores de serviços que atuam há mais tempo na cidade.

“Fiz muito ‘benchmarking’ com outras plataformas, como QuintoAndar e DogHero. Conversei com o pessoal para ver os bairros que funcionam mais, que têm aderência maior a produtos digitais”

O sócio do Triider diz que esse acesso a outros empreendedores é fácil para quem circula pelo ecossistema das startups — e celebra a nova fase:


“Nos dedicamos muito para esse momento. Agora vamos nos esforçar ao máximo para atender com excelência os clientes da maior cidade do Brasil.”


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