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A multiplicação da Delivery Center: de atuação em três para 35 cidades até o fim de 2020


Depois de triplicar seu volume de entregas durante a Covid-19, a startup que conecta lojistas de shopping centers aos pedidos do comércio eletrônico e que tem como acionistas Multiplan, BRMalls e CCP planeja fechar 2020 com hubs em 35 cidades de 20 estados brasileiros


O novo coronavírus forçou os shoppings em todo o País a fecharem suas portas por quase três meses. Em alguns deles, no entanto, um vaivém cada vez mais intenso ajudou a movimentar as lojas, corredores e estacionamentos durante a quarentena.

Com hubs em empreendimentos de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, a Delivery Center tem sido uma das válvulas de escape do setor durante a pandemia da Covid-19. A startup centraliza e conecta os lojistas desses centros aos pedidos feitos via e-commerce. E responde por toda a logística, da coleta dos produtos nos varejistas à entrega na casa dos consumidores, em até uma hora.


Além de oferecer uma alternativa na pandemia, o modelo permitiu que parte desses varejistas encurtasse sua transição para o digital. E sob a perspectiva de que esse é um caminho sem volta, a Delivery Center decidiu acelerar o passo em seu roteiro de expansão.

“Antes da Covid-19, o plano para o ano era abrir operações em Belo Horizonte e Curitiba”, diz Saulo Brazil, cofundador e co-CEO da Delivery Center. Hoje, a startup tem 25 hubs nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. “Agora, queremos fechar 2020 com, no mínimo, 75 hubs em 35 cidades, de 20 estados.”


Assim como a meta, o prazo para concretizar esse plano é ambicioso. A empresa quer ter toda essa rede em operação até a Black Friday, em novembro. Os primeiros hubs serão inaugurados em duas semanas, em Belo Horizonte e Curitiba.


O novo mapa incluirá operações em capitais como Goiânia (GO), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Recife (PE, Manaus (AM), São Luís (MA) e Vitória (ES). Além de cidades no interior de São Paulo e do Rio Grande do Sul.


O modelo para viabilizar a expansão envolve parcerias com shoppings interessados em acelerar suas estratégias digitais, que financiam parte dos projetos. De um lado, o fato de a startup ter entre seus acionistas a Multiplan e a BRMalls, duas das maiores administradoras do setor, ajuda nesse processo.


Mas há quem veja um problema nesse modelo. “Essa associação pode ser um limitador”, diz uma fonte do setor. “Nem todas as administradoras ou mesmo shoppings independentes vão se sentir confortáveis com esse modelo.”


Brazil não enxerga o formato como uma barreira para a empresa. “No início, ninguém acreditava que conseguiríamos colocar a BRMalls e a Multiplan no mesmo barco”, diz. “O mercado está entendendo que a questão não é brigar um com o outro, mas entrar no mundo digital”, observa. Ele ressalta que a empresa já tem parcerias como redes como Aliansce Sonae e Ancar Ivanhoe.


No total, a Delivery Center já captou mais de R$ 150 milhões desde a sua fundação, em 2016. O aporte mais recente, de R$ 69 milhões, foi feito no início do ano, justamente por BRMalls e Multiplan.


A startup tem ainda como sócios a Cyrella Commercial Properties (CCP); a Bloomin Brands (Outback e Abbraccio); o Grupo Trigo (Spoleto). Fernando Stein, CEO da rede de estacionamentos Indigo, e o family office de José Galló, presidente do Conselho de Administração da Renner, são também investidores.


Além da praça de alimentação


O salto do e-commerce na Covid-19 foi acompanhado pelo crescimento da operação da Delivery Center. A empresa saiu de 90 funcionários, há pouco mais de três meses, para 230 profissionais. Com a pandemia, o volume mensal de pedidos, que estava na faixa de 160 mil no fim de 2019, triplicou.

Outro reflexo importante no período foi a mudança no mix das entregas. Antes, 95% dos pedidos estavam relacionados ao delivery de comida. Com a crise, a participação de outras categorias chegou a 30%.

Com a pandemia, o volume mensal de pedidos, que estava na faixa de 160 mil no fim de 2019, triplicou.

“Um dos principais desafios da Delivery Center é avançar mais além da alimentação”, diz Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). “O grande volume de receita está nessas categorias, que são o mundo de Magazine Luiza, Mercado Livre, Amazon e outros marketplaces.”


Terra destaca, porém, que o modelo da companhia é um dos poucos que oferece, de fato, uma abordagem multicanal. E contrapõe o formato clássico de entregas a partir de poucos centros de distribuição, uma estratégia que amplia os custos na última milha.

“A grande sacada dessa equação é o uso do estoque urbano, na loja física”, diz. “Ao aproximar o produto do consumidor, esse formato resolve dois problemas, pois derruba os custos e o prazo de entrega.”


Atualmente, no segmento de comida, a Delivery Center já conecta os lojistas com os pedidos feitos nas plataformas iFood, Uber Eats, Rappi, Multi e Onstores. Essas três últimas são parceiras ainda nas encomendas em outras categorias.


A companhia vem ampliando seu ecossistema nessa segunda área, na qual também tem acordos com o Mercado Livre e a Zapcommerce, plataforma de vendas via WhatsApp e outros serviços de mensagem. A parceria mais recente foi firmada no início do mês, com a B2W.


O apetite da companhia para ampliar seu cardápio passa por outras iniciativas, que vão além dos shoppings. A startup tem uma série de projetos-pilotos em andamento. Um deles é um hub instalado em um prédio comercial da CCP, na avenida Paulista, em São Paulo. Perto dali, outro centro está em operação em uma unidade da rede de restaurantes Ráscal.

A Delivery Center também está testando os modelos de lockers em shoppings da Multiplan e de drive-trhu. E avalia projetos com drones, robôs e de logística reversa, para a troca de produtos, passando pela coleta na casa do consumidor e a entrega do novo item, no mesmo dia.

A Delivery Center também tem projetos-pilotos em frentes como prédios comerciais, lockers e drive-thru. E avalia testes com drones, robôs e em logística reversa

“Temos mais de 50 projetos de inovação sendo testados”, diz Brazil. “Nós pensamos em várias soluções para o mesmo problema e não temos nenhum apego a qualquer paradigma.”


Além da inovação, a empresa tem destinado recursos para reduzir os prazos e custos, e tornar as entregas mais eficientes. Nessa direção, a startup fechou recentemente um contrato com a companhia de software israelense Bringg, para aprimorar sua plataforma de tecnologia.


Um dos recursos desenvolvidos são algoritmos que fornecem informações, em tempo real, sobre quais pedidos, de diferentes categorias, podem ser combinados em uma entrega. O sistema também traça o roteiro mais curto para o entregador, entre outros recursos.

No caminho para consolidar todas essas frentes, o Delivery Center começa a encontrar um novo competidor. Desde meados de 2019, o iFood passou a testar um formato similar de hubs instalados em shopping. Batizado de iFood Hub, o projeto está restrito, inicialmente, à categoria de comida e envolve parcerias com redes como Iguatemi, Aliansce Sonae e Ancar Ivanhoe.


Sob essa nova perspectiva, Brazil adota um tom conciliador. “Nós os vemos, sinceramente, mais como parceiros”, afirma. “Tomamos a decisão de não tentar fazer tudo sozinhos e acreditamos que todo mundo tem que lutar para esse mercado crescer.”


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